A devoção ao Sagrado Coração de Jesus tem origem bíblica. O coração é uma das maneiras de falar do infinito amor de Deus pelos homens, amor este que encontra seu ápice no mistério pascal do Senhor. Para meditar acerca desta devoção podemos tomar o seguintes Evangelhos: Mt 11, 25-30; Lc 15, 1-10; Lc 15, 1-3.11-32; Jo 10, 11-18; Jo 15, 1-8; Jo 15, 9-17; Jo 17, 20-26.

Contudo, foi a partir de 1673, com as revelações do Coração de Jesus à Santa Margarida Maria Alacoque, que esta devoção se difundiu e como consequência se estabeleceu um apostolado para sua divulgação. Nestas visões Jesus revela à santa 12 promessas, a saber:

1ª - "A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração";

2ª - "Eu darei aos devotos de Meu Coração todas as graças necessárias a seu estado";

3ª - "Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias";

4ª - "Eu os consolarei em todas as suas aflições";

5ª - "Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte";

6ª - "Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos";

7ª - "Os pecadores encontrarão, em meu Coração, fonte inesgotável de misericórdias";

8ª - "As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção";

9ª - "As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição";

10ª - "Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos";

11ª - "As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração";

12ª - "A todos os que comunguem, nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna".

Na Solenidade de hoje, a Igreja concede ainda Indulgência plenária ou parcial (remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos), que pode ser lucrada para o próprio fiel ou aos defuntos como sufrágio. Para lucrar a Indulgência plenária, além da repulsa de todo o afeto a qualquer pecado até venial, requer-se a recitação pública do Ato de reparação (dado abaixo) e o cumprimento das três condições seguintes: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração (ao menos um Pai-nosso e uma Ave-Mria) nas intenções do Sumo Pontífice. Já para lucrar a Indulgência parcial, repete-se as condições acima descritas, excetuando-se que o Ato de reparação pode ser piedosamente recitado na oração pessoal.

 

Dulcíssimo Jesus

(Ato de reparação)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é por eles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados na vossa presença, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é, de toda a parte, alvejado o vosso amorosíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conculcando as promessas do batismo, sacudiram o suavíssimo jugo da vossa santa lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas, particularmente, da licença pelos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos Santos, dos insultos ao vosso Vigário e a todo o vosso Clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino amor, e, enfim, dos atentados e rebeldias das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh! se pudéssemos lavar, com o próprio sangue, tantas iniquidades!

Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os Santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação, que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar, todos os dias, sobre nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nosso próximo, impedir, por todos os meios, novas injúrias de vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número de almas possíveis.

Recebei, ó benigníssimo Jesus, pelas mãos de Maria santíssima reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes, até à morte, no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à pátria bem-aventurada, onde vós com o Pai e o Espírito Santo viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.