Eleição do Papa Emérito Bento XVI e aniversário de criação da Arquidiocese de Aparecida, pelo Papa Pio XII
53ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil

Estamos no tempo pascal e, neste tempo, celebramos o centro  da nossa fé: a ressurreição de Cristo. A  páscoa é também o centro do ano litúrgico, uma celebração que dura 50 dias e que culminará com a festa de Pentecostes.

Cada domingo, dia do Senhor, nós celebramos a ressurreição de Cristo e uma vez ao ano, nós a celebramos com a  paixão, na grande solenidade da Páscoa.

A primeira leitura, neste tempo pascal, é sempre do  livro dos Atos dos Apóstolos e no texto que escutamos na primeira leitura, Pedro explica ao povo judeu que a paixão de Cristo foi  anunciada pelos profetas e, à luz da ressurreição, a paixão de Cristo não é um acidente da história, um acontecimento infeliz ou um erro, e menos ainda, um sinal de fracasso.

A paixão e a morte de Jesus  é parte, é o ponto culminante da história  da salvação: “Deus cumpriu o que havia anunciado pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo haveria de sofrer e ressuscitar dos mortos  ao terceiro dia.”

Na segunda leitura, na sua primeira carta, São João nos mostra a estreita relação entre a fé e o amor aos irmãos: quem crê no Cristo deve amar necessariamente seu próximo. “quem diz: eu conheço a Deus, mas não guarda seus mandamentos, é mentiroso e a verdade não está nele.”

No evangelho, Lucas nos mostra que Jesus ressuscitado é o mesmo que havia sido crucificado. Ele aparece e se manifesta aos discípulos no seu corpo, “em carne e osso”. Ao aparecer  no meio deles, os discípulos ficaram “assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. Mas  Jesus lhes disse:  “vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo. Tocai em  mim e vede. Um fantasma  não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho.”

Nossa fé em Cristo ressuscitado é uma fé concreta, uma fé em alguém que ressuscitou. Cristo ressuscitado  não é um produto da imaginação, uma energia de luz, mas alguém que caminha conosco no caminho da vida, que nos sustenta com seu amor e sua força quando temos algum problema ou dificuldade. Ele vem ao nosso encontro na sua palavra e na Eucaristia e se faz comida para nós para nos sustentar na nossa peregrinação terrestre até chegarmos ao banquete eterno.

No encontro com Jesus ressuscitado, Ele  envia seus discípulos em missão “Vós sereis testemunhas  minhas”, disse-lhes  Jesus.  Nós também somos chamados a testemunhar Jesus Cristo com nossa vida e com a palavra para que aqueles que não o conhecem ou o conhecem pouco, possam também fazer a experiência do encontro com Ele e encontrar a verdadeira felicidade. Muitos se perguntam: quem pode nos dar a felicidade?  Escutamos no salmo responsorial. Só Deus, só Jesus Cristo, pois só  Ele pode  dar um rumo seguro a nossa vida  e abrir-nos novos horizontes.

Hoje, comemora-se o início do Pontificado do Papa emérito Bento XVI, em 2005. Ao convidar todos para rezar por ele, quero concluir minhas palavras com um belo pensamento seu:

“Quando  encontramos no Cristo o Deus vivo , nós conhecemos o que é a vida. Nós não somos o produto acidental ou desprovido de sentido da evolução. Cada um de nós é fruto de um pensamento de Deus. Cada um de nós é querido, cada um é amado, cada um é necessário. Não há nada de mais belo do que ser surpreendido pelo Evangelho, pelo Cristo. Não há nada mais belo do que conhecê-Lo e comunicar aos outros a amizade com Ele.” (Bento XVI, 24/4/2005, Discurso inaugural do início do seu ministério petrino. Eleito 19/4/2005)

Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida, SP