A celebração eucarística, nesta manhã, de 5a. Feira-Santa, presidida pelo Bispo na sua Igreja-Catedral, concelebrada pelos presbíteros e por numerosos sacerdotes religiosos, é sinal de comunhão dos sacerdotes dessa Igreja particular de Aparecida  com o seu pastor.

Hoje é um dia muito especial para toda a Igreja, mas particularmente, para nós sacerdotes, pois, a Igreja revive  neste dia a instituição da Eucaristia e do sacerdócio ministerial, sem o qual não haveria Eucaristia, nem muito menos a missão e a própria Igreja.  Foi no cenáculo onde Jesus realizou pela primeira vez a celebração da Eucaristia. Foi lá que Jesus tomou nas mãos o pão, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, todos, e comei: Isto é o meu Corpo que será entregue por vós”.

Depois, tomou  nas   suas mãos o cálice com vinho e disse-lhes: “Tomai, todos  e bebei: Este é o cálice do meu Sangue, o Sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados.” Em seguida, Jesus ordenou aos seus discípulos  e àqueles que na Igreja participariam ministerialmente do seu sacerdócio que repetissem essas suas palavras, esse seu gesto de geração em geração até o fim dos tempos: “Fazei isto em memória de mim.”

Queremos nesta missa  do Crisma agradecer, louvar  a Cristo pela instituição da Eucaristia, dom do amor de Cristo a sua Igreja, memorial do sacrifício da cruz, presença salvífica de Jesus em nosso meio, alimento espiritual e garantia de vida eterna. Queremos, também, bendizer a Cristo pelos presbíteros, chamados a participar do seu sacerdócio ministerial  para continuar a sua missão salvadora em favor dos homens neste mundo.

Nesta celebração eucarística os presbíteros concelebrantes irão renovar, diante do Bispo, seus compromissos sacerdotais assumidos no dia da  ordenação com o propósito de permanecer, com a ajuda de Deus, fiéis a sua vocação. Vão renovar o compromisso do celibato, como configuração ao estilo de vida do próprio Senhor Jesus, modelo de todo pastor e como sinal de sua caridade pastoral na entrega a Deus e ao serviço do Povo de Deus,  com o coração pleno e indivisível. Os sacerdotes irão renovar, também, seu compromisso de empenhar-se no anúncio da Palavra, a exemplo de Jesus que veio para evangelizar. A comunidade eclesial tem direito ao anúncio da Palavra de Deus, por parte do sacerdote, pois é tarefa inerente ao seu ministério, e é através do anúncio da Palavra que a fé é despertada e o Povo de Deus cresce. Irão renovar, também, seu compromisso de celebrar e administrar os sacramentos.

O sacerdote participante do sacerdócio de Cristo deverá celebrar os sacramentos, e de modo particular, a Eucaristia, tornando-se, assim, colaborador da obra de santificação, porquanto os sacramentos fazem acontecer a salvação de Deus no hoje da  história. Como pastores irão se comprometer a se entregar, generosamente, às pessoas, confiadas aos seus cuidados pastorais, valorizando e acolhendo a todos, dando, porém, atenção especial aos enfermos, aos mais pobres e aos  distanciados da comunidade paroquial. O presbítero reúne, em nome do Bispo, a família de Deus, como fraternidade animada por um só objetivo e leva-a por Cristo, no Espírito, a Deus Pai. O presbítero deverá  tornar a comunidade eclesial que está ao seu encargo uma verdadeira comunhão de fiéis, uma verdadeira família, da qual ele é verdadeiro pai.

O Arcebispo irá abençoar os óleos dos enfermos, usado na administração do sacramento da unção,  e o óleo dos catecúmenos, usado no batismo. Irá consagrar o óleo  do  crisma, usado no batismo, na crisma e na ordenação sacerdotal. Os santos óleos serão entregues aos párocos, ou aos representantes de comunidades no final da missa, que os levarão consigo para as suas paróquias  para serem usados na administração de alguns dos sacramentos. Os santos óleos exprimem a riqueza da nova vida em Cristo que o Espírito Santo continua a transmitir à Igreja até o fim dos tempos.

A comunhão dos presbíteros com o seu Bispo se expressa na renovação dos compromissos sacerdotais feita perante o Bispo e diante da comunidade dos fiéis. Igualmente, a bênção  e a entrega dos santos óleos pelo Bispo aos párocos significa, também, a comunhão dos presbíteros com o  ministério do Bispo que se prolonga, se faz presente, em cada comunidade, através do ministério de cada presbítero.

O Documento Conclusivo da V Conferência afirma que o presbítero deve amar e realizar sua tarefa pastoral em comunhão com o bispo e com os demais presbíteros da diocese. O ministério sacerdotal que brota da Ordem Sagrada tem radical forma comunitária e só pode desenvolver-se como tarefa coletiva. Nenhum sacerdote pode realizar plenamente o seu ministério isoladamente, fora da comunhão com seu presbitério,  com o seu Bispo e com a comunidade a que serve.

Aproveito o ensejo desta celebração da missa  do Crisma e o início do Tríduo Pascal para desejar aos presbíteros diocesanos e religiosos, aos consagrados, aos seminaristas, a todos os fiéis desta Igreja Particular, aos romeiros e aos prezados rádio-ouvintes e telespectadores, um Santo Tríduo Pascal.

Aos presbíteros do clero diocesano e do clero religioso, que não terei  ocasião de encontrar, durante o tríduo pascal,  reunidos como ocorre agora, nesta celebração do  Crisma, desejo antecipadamente uma Feliz e Santa Páscoa.

Dom Raymundo Card. Damasceno Assis
Arcebispo Metropolitano de Aparecida