SANTUÁRIO NACIONAL DE NOSSA SENHORA APARECIDA

A missa  do  Crisma, nesta manhã de Quinta-Feira Santa, celebrada no Santuário Nacional da Padroeira do Brasil, presidida pelo pastor desta Igreja particular e concelebrada com seus sacerdotes diocesanos e com numerosos sacerdotes religiosos e a participação de tantos religiosos (as), grande número de romeiros e fiéis da Arquidiocese de Aparecida, é um sinal de comunhão dos sacerdotes entre si e com os fiéis leigos desta Igreja Particular e de todos com o seu pastor, o bispo diocesano.

Hoje é um dia muito especial para toda a Igreja, particularmente, porém, para nós sacerdotes, pois a Igreja revive neste dia a instituição da Eucaristia e do sacerdócio ministerial, sem o qual não haveria Eucaristia, pois é o ministério dos presbíteros que torna possível a Eucaristia.

Queremos nesta missa do Crisma agradecer e louvar a Cristo a instituição da Eucaristia, dom do amor de Cristo a sua Igreja, memorial do sacrifício da cruz, presença salvífica de Jesus em nosso meio, alimento espiritual e garantia de vida eterna.

 E neste Ano Extraordinário da Misericórdia, queremos também, de maneira especial, agradecer e bendizer a Cristo os presbíteros, chamados a serem missionários da misericórdia no mundo de hoje. Em nossa Arquidiocese, em comunhão com toda a Igreja, estamos nos esforçando para viver este Ano da Misericórdia com a máxima intensidade e fruto pastoral. Ao iniciar o tríduo pascal, celebração da paixão,  morte e ressurreição de Cristo, somos chamados a fixar nosso olhar na misericórdia de Deus que na cruz encontra a expressão máxima da misericórdia entranhável de nosso Deus. Uma misericórdia que se mostra a entregar-nos a Mãe de Jesus como nossa mãe. Uma misericórdia que se mostra ao nos dar sua vida, mediante o coração de Jesus, traspassado por uma lança.  O Papa Francisco, desde o início do seu pontificado, fez da misericórdia de Deus a  mensagem mais forte e uma das ideias centrais  dos seus ensinamentos. Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: A alegria do Evangelho, o Papa Francisco diz que “a Igreja vive um desejo inesgotável de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a infinita misericórdia do Pai  e sua força irradiadora.” (24).

O sacerdote é ministro da misericórdia, por meio do sacramento da reconciliação.  “Recebei o Espírito o Espírito Santo; a quem perdoardes os pecados eles serão perdoados; a quem os mantiverdes, eles serão mantidos.”(Jo 20, 22), disse Jesus aos discípulos na sua primeira aparição, após a ressurreição.

O sacerdote é testemunha e instrumento da misericórdia divina. Na vida do padre é muito importante o serviço da reconciliação.  É importante que o próprio sacerdote faça experiência desta misericórdia de Deus, através da própria confissão feita periodicamente. “Deixando-me perdoar, aprendo também  a perdoar os outros, escrevia o Papa Bento XVI. Este serviço de reconciliação é uma prioridade pastoral, é uma maneira de viver a caridade do Bom Pastor, que viveu  seu amor ao Pai no Espírito Santo, e seu amor aos homens até imolar-se, entregando sua vida.”(João Paulo II). O Papa João Paulo II reconhecia que a incansável entrega do Santo  Cura d’Ars ao sacramento da penitência foi o que lhe deu sua fama. E o Papa Francisco dizia aos padres numa de suas homilias: “Não deixem de amar o confessionário.”

Aproveito para agradecer aos missionários redentoristas o esforço e a dedicação testemunhados, diariamente,  aqui no Santuário, para oferecer aos romeiros o serviço do sacramento do perdão. Igualmente, agradeço aos sacerdotes diocesanos e religiosos que na Arquidiocese se dispuseram  nesta quaresma do Ano Extraordinário da  Misericórdia, a colaborarem uns com os outros, para oferecer e facilitar o acesso dos fiéis ao sacramento da reconciliação.

Nesta celebração eucarística os presbíteros concelebrantes irão renovar seus compromissos sacerdotais assumidos no dia da sua ordenação com o propósito de permanecer, com a ajuda de Deus, fiéis a sua vocação e de colocar sua vida a serviço do povo de Deus. Os sacerdotes irão renovar seu compromisso de dedicar-se plenamente ao bem integral dos fiéis confiados aos seus cuidados pastorais através do cumprimento do tríplice ofício decorrente da ordenação: o anúncio da Palavra, a exemplo de Jesus que veio para evangelizar; a santificação dos fiéis pela administração dos sacramentos e a entrega generosa as pessoas confiadas aos seus cuidados pastorais, valorizando e acolhendo a todos, dando, porém, atenção especial aos enfermos, aos mais necessitados e distanciados da comunidade paroquial. Peçamos a Deus a sua ajuda para que, ao renovar os compromissos sacerdotais, feitos no dia da ordenação sacerdotal, possamos testemunhá-los com nossa conduta de vida.

O Arcebispo irá abençoar os óleos dos enfermos e dos catecúmenos e consagrar o óleo  do  crisma. Os santos óleos serão entregues aos párocos, ou aos representantes de comunidades no final da missa, que os levarão consigo para as suas paróquias  para serem usados na administração de quatro dos sete sacramentos: Batismo, Crisma, Ordem e Unção dos Enfermos.  “Os santos óleos acompanham os cristãos durante toda a vida: desde o  Batismo,  até o  momento no qual nos preparamos para o encontro definitivo com Deus. Desde a antiguidade, na etimologia popular, a palavra azeite em grego, foi unida à outra palavra grega, que significa misericórdia. Em vários sacramentos, o óleo é sempre  sinal da misericórdia de Deus. Neste Missa do Crisma, a consagração dos santos óleos se dirige, de modo particular, a nós sacerdotes. Os santos óleos nos falam de Cristo que Deus ungiu Rei e Sacerdote, o qual nos tornou participantes de seu sacerdócio, de sua unção, na nossa ordenação sacerdotal.”

Portanto, a unção para o sacerdócio significa, também, o encargo de levar a misericórdia de Deus aos homens. A credibilidade da Igreja passa pelo anúncio e o testemunho da misericórdia. É pelo amor, a compaixão, que nós sacerdotes, iremos tocar o coração das pessoas.

A comunhão dos presbíteros com o seu Bispo se expressa na renovação dos compromissos sacerdotais feita perante o Bispo e diante da comunidade dos fiéis. Igualmente, a bênção  e a entrega dos santos óleos pelo Bispo aos párocos significa que o ministério do Bispo se prolonga, se faz presente, em cada comunidade, através do ministério de cada presbítero.

O Bispo não pode estar presente em cada paróquia, por isso, ele se faz presente no ministério do sacerdote ao qual ele  confia o cuidado   pastoral de uma porção do povo de Deus, no território da Diocese.

Caros irmãos, no ministério presbiteral, o padre é “servidor da comunhão eclesial”, ministro da misericórdia,  juntamente com a missão de evangelizar.

Aproveito o ensejo desta celebração da missa  do Crisma e o início do Tríduo Pascal para desejar aos presbíteros diocesanos e religiosos, ao Pe. João Batista, Reitor do Santuário e seus co-irmãos, os missionários redentoristas, aos consagrados, aos seminaristas, a todos os fiéis desta Arquidiocese, aos romeiros e aos prezados rádio-ouvintes e telespectadores, um Santo Tríduo Pascal.

Aos presbíteros do clero diocesano e do clero religioso, que não terei a oportunidade de encontrar por ocasião da Páscoa, desejo-lhes, antecipadamente, uma Feliz e abençoada Páscoa. Que Cristo, rosto misericordioso do Pai, faça de cada um, sinal de sua misericórdia no seu ministério e no serviço pastoral aos seus fiéis.

Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida