A liturgia deste 19º. domingo do tempo comum, convida-nos a abandonarmo-nos nas mãos de Deus nosso Pai e a esperar confiantes e atentos a vinda do Senhor Jesus.

O livro da Sabedoria oferece-nos uma meditação sobre a saída do povo de Israel do Egito. O povo que esperava a libertação estava vigilante naquela noite em que o Senhor Deus passou. Naquela noite da libertação, o povo judeu celebrou a primeira Páscoa, comendo o cordeiro pascal, cantando salmos de louvores ao Deus libertador, expressando, assim, o agradecimento a Deus e o compromisso de obedecer a Lei de Deus que representava o dom da liberdade para Israel e a luz e a vida para todos os povos.

A Carta aos Hebreus que será ainda lida nos próximos quatro domingos, nos fala, hoje, da fé e nos dá uma definição da mesma: a fé é pregustar o que seremos, é possuir já agora o que ainda se espera, é a certeza acerca de realidades que não se vêem.

O autor da Carta apresenta-nos dois modelos de fé obediente e confiante: a fé dos pais da promessa, Abraão e Sara, que já gozam da Jerusalém celeste, a cidade que esperavam. Abraão obedeceu a ordem de Deus e “partiu sem saber para onde ia”, e Sara, sua esposa, mulher estéril, “que se tornou capaz de ter filhos, porque acreditou no autor da promessa”.

A exemplo dos antepassados que caminharam na fé, somos chamados também, hoje, a peregrinar, procurando construir um mundo mais humano, justo, solidário que seja sinal, desde agora, da pátria verdadeira que esperamos.

A fé é dom de Deus e tarefa nossa. Ela nos é dada na família cristã, na comunidade através do testemunho de pessoas cristãs que vivem, no seu ambiente social, a fé que professam.

É necessário, porém, cultivar a nossa fé com a meditação da Palavra de Deus, a oração pessoal e comunitária, a participação na missa dominical, nos sacramentos e a vivência da fé, pois, a fé “cresce ou morre”.

A fé é como um transplante que nos dá olhos novos, os olhos de Jesus Cristo que nos faz ver com um sentido novo tudo que acontece na nossa vida: a alegria e a dor, a morte e a vida, o dinheiro, os fracassos, o trabalho, o sucesso e a humilhação.

No evangelho de hoje, escutado com os olhos da fé, podemos destacar quatro atitudes que devemos cultivar, como discípulos de Cristo: a confiança em Deus que nos ajuda a caminhar na vida apesar das dificuldades. “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o reino”.

O desprendimento das coisas materiais, para viver a generosidade com os outros. “Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe, onde o ladrão não chega, nem a traça corrói”.

A vigilância ante a segunda vida de Jesus Cristo: “Ficai preparados! Porque o Filho do homem vai chegar na hora em que menos pensardes.”

Ao felicitar os pais pelo seu dia, recordo-lhes o que diz o Documento final da V Conferência de Aparecida: “o pai tem o dever de ser verdadeiramente pai que exerce sua indispensável responsabilidade e colaboração na educação de seus filhos.” Sua atuação é insubstituível para o desenvolvimento da inteligência, do julgamento, da afetividade, da convivência e da vida religiosa dos filhos.

Que a Eucaristia que hoje celebramos nos fortaleça e a Virgem Maria, modelo de fé, nos acompanhe em nossa caminhada rumo a bem-aventurança eterna.