Estamos celebrando hoje a Solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo, solenidade conhecida tradicionalmente como a festa de Corpus Christi.

Esta festa se iniciou no séc. XIII, na Bélgica e foi se tornando, cada ano, mais universal e mais celebrada.

Na Quinta-Feira Santa, a Igreja celebra a instituição da Eucaristia; hoje, a Igreja celebra, de maneira festiva e pública, a presença real do Senhor em nosso meio, nos sinais do pão e do vinho consagrados.

A Arquidiocese de Aparecida, com toda a Igreja, celebra com particular fervor a solenidade do Corpo do Senhor com a tradicional procissão pelas ruas e praças decoradas de nossas cidades como expressão do nosso amor agradecido e como fonte infinita e inesgotável de bênçãos para todos nós.

No texto de hoje do livro do Deuteronômio, o autor sagrado recorda a caminhada do povo de Israel durante 40 anos pelo deserto, após a libertação do Egito, até chegar à Terra Prometida. Foi uma caminhada difícil, pelo vasto deserto, onde havia serpentes, escorpiões, uma terra árida e sem água.

Deus estava sempre ao lado do seu povo, dando-lhe segurança e alimentando-o com o maná, este alimento dado por Moisés.

Na primeira leitura do livro do  Deuteronômio, vimos que o povo de Israel compreendeu  que não pode viver só com o alimento material e que necessitava de um outro alimento: “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boa de Deus.”

No evangelho de hoje, João relata o discurso de Jesus, pronunciado na Sinagoga, em Cafarnaum, após a multiplicação dos cinco pães e dois peixes.

O discurso eucarístico de Jesus é de um tal realismo que  provocou       murmuração e escândalo entre os judeus quando ele disse: é o meu Pai quem vos dá o verdadeiro “pão do céu” e “eu sou o pão do céu”. “Quem comer deste pão viverá sempre. O pão que eu dou para a vida do mundo é a minha carne”.

Assim como Deus alimentou o seu povo, no deserto, com o maná, assim também Cristo nos alimenta com o seu corpo e com o seu sangue na eucaristia, verdadeiro alimento espiritual para nossa peregrinação terrestre e penhor de vida eterna: “quem come  a minha carne  bebe o meu sangue tem  a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”

São João Paulo II, de grata memória, pede, na sua Carta Apostólica “Mane nobiscum Domine”, que os sacerdotes e os fiéis cristãos valorizem ainda mais a Missa dominical, celebração onde a comunidade paroquial se encontra em conjunto, contando com a participação dos paroquianos: crianças, jovens, casais, idosos.

Na missa, Jesus nos alimenta de duas maneiras: com a Palavra e como seu corpo.

Com este alimento: a Palavra e o Corpo de Cristo, podemos caminhar com coragem e alegria em meio as dificuldades da vida.

A eucaristia ao nos unir intimamente a Cristo, cabeça da Igreja, nos une também ao seu corpo, que é a Igreja, portanto,  a todos os nossos irmãos e irmãs. Todos nós que comemos do mesmo pão que é o Corpo do Senhor, formamos um só corpo.  “A autencidade das nossas celebrações eucarísticas se avalia pelo nosso amor mútuo e, em particular, pela solicitude por quem passa necessidade”. “A Igreja, vendo em Maria o  seu modelo, é chamada a imitá-la também na relação com este mistério santíssimo. O pão eucarístico que recebemos é a carne imaculada do Filho nascido da Virgem Maria.

Aqui estamos reunidos em comunidade ao redor de Jesus, o filho de Deus, para escutar sua palavra e comungar seu corpo entregue por nós.

Peçamos a Jesus que seu evangelho seja a força que nos faça viver de acordo com Ele e o seu corpo, o alimento que nos faça viver de sua vida.

Dom Raymundo Card. Damasceno Assis
Arcebispo Metropolitano de Aparecida