Na primeira leitura de hoje, o texto do livro do Êxodo apresenta a Aliança entre Deus e o povo de Israel, no monte Sinai, após a libertação do Egito. Moisés ratifica esta Aliança com o Decálogo, os dez mandamentos, cuja observância é uma maneira do povo responder ao amor de Deus com atitudes concretas na sua relação com Ele e com o próximo.

Para nós cristãos, os dez mandamentos continuam válidos e nos indicam como devemos nos comportar  para vivermos em comunhão com Deus. Eles foram aperfeiçoados pelos ensinamentos de Jesus no evangelho, que resumiu todos os mandamentos no amor a Deus e ao próximo. São João na sua primeira carta escreve: “Este é o mandamento que dele recebemos: Aquele que ama a Deus ame também o seu irmão” (1 Jo 4,21).

A quaresma é tempo de conversão, tempo de examinar nossa consciência sobre o nosso relacionamento com Deus e o próximo.

Deus, através dos mandamentos se aproxima de nós e nos mostra o caminho da vida e da verdadeira liberdade que conduz à felicidade.

A primeira parte do decálogo refere-se aos nossos deveres para com Deus. Ele é o único Deus, criador de todas as coisas e a Ele devemos amar de todo o coração, com toda a nossa inteligência e nossas forças.

Nenhum outro bem ou valor pode sobrepor ao amor devido a Deus. Assim como o amor não pode ficar só em palavras, nós também manifestamos nosso amor a Deus, cumprindo os mandamentos,  cultivando a prática da oração, participando da celebração eucarística aos domingos, cumprindo nossos deveres  de cristãos na família, na profissão e para com a Igreja, como a colaboração nos serviços e pastorais da paróquia e contribuindo com o dízimo para a sustentação da ação evangelizadora.

Mas não podemos nos esquecer que nossa fé tem também dimensão social e Deus  não  quer que tenhamos somente uma relação correta com Ele, mas exige de nós, na segunda parte do Decálogo, além do culto que devemos prestar-lhe, o testemunho público de nossa fé, o respeito aos direitos e deveres em relação as pessoas: honrar e amar os pais, respeitar o que é do outro, falar a verdade, defender e promover a vida, a justiça,  respeitar a ética sexual na vida matrimonial.

A CF deste ano – Igreja e Sociedade - nos convida a assumir nossa responsabilidade na vida pública, contribuindo, à luz do evangelho, e do ensino social da Igreja, na construção de uma sociedade que favoreça uma convivência social mais  segura e com justiça e paz para todos. A prática dos mandamentos no que se refere aos direitos e deveres em relação as pessoas é uma maneira concreta de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e poder viver  em sociedade com mais justiça e com paz.

O cristão, o católico não deve ter medo de ocupar cargos públicos, nem de se filiar a um partido político que no seu programa não se oponha à fé e aos princípios morais defendidos pela Igreja Católica, e  de se candidatar, se for o caso,  a cargos eletivos, seja para o poder executivo, seja para o legislativo. O  mundo da política é  próprio do leigo. O pluralismo católico na política é saudável. Por isso, cada um tem liberdade de optar pelo partido que desejar e cujo programa melhor corresponda aos valores que defende. Não há nenhum partido político que se identifica com exclusividade, com o pensamento social cristão. Uma das características do regime democrático é a possibilidade de diferentes opções político-partidárias.

Agradeçamos o dom dos mandamentos da lei de Deus e os acolhamos em nossa vida, não como uma escravidão, mas como um caminho de liberdade e de vida. Deus nos ajude a vivê-los melhor nesta quaresma em preparação para a Páscoa.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB saúda com alegria e gratidão todas as mulheres por ocasião das comemorações do Dia Internacional da Mulher. Apraz-nos, neste dia, afirmar com o Papa Francisco que “a Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens” (EG 103).

Ao renovar seu agradecimento a vocês, mulheres, por sua insubstituível presença e participação nas comunidades eclesiais espalhadas por todo o Brasil e por seu protagonismo na construção de uma nova sociedade, a CNBB roga a Deus se digne fortalecê-las em suas lutas e abençoá-las em todos os seus caminhos.

Mãe do Filho de Deus, modelo de mulher, esposa e trabalhadora, ilumine e proteja as mulheres de nosso país.

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, proteja as mulheres de nosso país.

Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida, SP