Há momentos na nossa vida que temos de tomar decisões e estas podem representar um salto de qualidade na nossa vida ou um retrocesso.

O texto da primeira leitura deste domingo nos apresenta o povo de Israel diante de uma nova etapa de sua história. Josué, sucessor de Moisés, deve agora conduzir o povo na entrada e na conquista da terra prometida. Antes, porém, Josué reúne o povo em Siquem e o coloca diante de uma decisão: “escolhei hoje a quem quereis servir: aos deuses estranhos ou ao único Senhor que vos libertou da escravidão do Egito. O povo respondeu: longe de nós abandonarmos nosso Deus; nós serviremos ao Senhor porque ele é nosso Deus”. O povo de Israel renova sua aliança feita no Sinai, com o Senhor Deus que o libertou do Egito.

No evangelho, Jesus coloca também seus seguidores diante de uma decisão frente a sua pessoa e ao seu discurso: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu dou para a vida do mundo é a minha carne”. Após a multiplicação dos pães, Jesus promete  dar um  outro alimento que dura e dá a vida eterna: seu corpo e seu sangue.

Muitos dos seus seguidores rejeitam sua origem divina, não o reconhecem como o Messias, como o Santo de Deus, pois como dizem,  conhecemos seu pai e sua mãe.  Rejeitam  também seu discurso sobre o pão da vida, “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?”, dizem eles.

Jesus, porém, reafirma suas palavras e não retira nada do que disse, e por isso, “muitos dos seus discípulos voltaram atrás e já não andavam com ele”, diz o evangelho.

Os doze discípulos permaneceram fiéis a Jesus e Pedro em nome deles proclama a sua fé: “Senhor, nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus. A quem iremos nós? Só tu tens palavras de vida eterna”.

Celebrar o memorial da morte e ressurreição de Cristo na Eucaristia e comungar o Corpo e o Sangue é unir-se intimamente a Ele e comprometer-se a crescer no amor ao irmão, a exemplo de Jesus que deu a sua vida por nós.

A Eucaristia é mistério da fé e somente pela fé podemos aceitar esta presença misteriosa, mas real de Jesus nos sinais do pão e do vinho, santificados pelo Espírito Santo para que se tornem para nós o corpo  e sangue de Jesus Cristo, como pede o sacerdote, na oração antes da consagração.

Na comunhão, partilhamos o pão da vida eterna e o cálice da salvação, que é o corpo e sangue do Senhor. A Eucaristia é um lugar privilegiado do nosso encontro com Jesus Cristo. Ao agradecer este maior dom que Jesus deixou a sua Igreja, procuremos participar da celebração eucarística, principalmente, aos domingos, para que alimentados com a Palavra de Deus e o corpo de Cristo, possamos produzir frutos de boas obras como discípulos missionários de Jesus Cristo, pois sem Ele nada podemos fazer.

Dom Raymundo Cardeal  Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida / SP