A primeira leitura do primeiro livro dos Reis  e o texto do evangelho  que acabamos de escutar nos apresentam  duas pessoas que simbolizam, na bíblia, os desamparados: a viúva de Sarepta que socorreu o profeta Elias e a pobre viúva no templo, que deu duas moedas de esmolas e que não valiam quase nada.

De um lado, essas duas viúvas simbolizam os desamparados. De outro lado, são para nós todos, exemplos de generosidade, confiança na providência divina, solidariedade e gratuidade.

A viúva de Sarepta que tinha apenas um pouco de farinha e de azeite para preparar sua última refeição, para si e para seu filho, e depois esperar a morte, ofereceu de sua pobreza ao profeta Elias, suas últimas provisões.

“A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o óleo da jarra, conforme o Senhor tinha dito por intermédio de Elias”. Tanto Elias quanto a viúva, ambos confiados em Deus e generosos, tiveram comida por muito tempo.

No evangelho de hoje, Marcos mostra Jesus sentado no templo de Jerusalém,  diante do cofre de esmolas. Ele observa a multidão que depositava sua oferta no cofre. Entre os que vem depositar sua oferta, Jesus admira uma mulher, “uma pobre viúva”, diz Marcos, que deu apenas duas moedas. Esta viúva, como todas as viúvas em Israel, viviam à margem da sociedade e eram pobres, mas o seu gesto nos revela algo muito importante: suas mãos não guardavam o pouco que possui, mas  o que depositou no cofre, “era tudo aquilo que possuía para viver.” Ela oferece sua vida por amor a Deus. Jesus afirma que aquela viúva deu tudo o que ela tinha para viver.

Perante Deus, as coisas não valem pela sua grandeza física, pelo seu valor material, mas pelo amor com que as fazemos e esta mulher colocou na sua oferta todo o amor porque deu aquilo que lhe faria tanta falta. Como diz Santa Terezinha do Menino Jesus: “Amar é dar tudo e mais ainda, é dar-se a si mesmo.”

Jesus obediente ao seu Pai, graças ao Espírito Santo do qual estava repleto, foi capaz de uma generosidade total. Deixou-se penetrar pelo Espírito Santo em toda a sua existência, inclusive, na sua morte, a fim de oferecer-se Ele mesmo para a salvação do mundo.

Maria é também modelo para nós de entrega, disponibilidade e solidariedade. Ela repleta do Espírito Santo, fez de sua vida uma permanente oferenda a Deus: “Eis a serva do Senhor, faça-se conforme tua palavra”

Peçamos ao Espírito Santo que faça de nossa vida uma permanente oferenda para a glória de Deus. A nossa vida, com tudo aquilo que ela encerra: trabalho, descanso, preocupações, alegrias, deve ser transformar numa liturgia, isto é, numa oferenda diária agradável a Deus, fazendo de nossa vida em união com Cristo, uma  continuação da celebração da missa.

Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida-SP