Exultemos de alegria no Senhor, porque nasceu na terra o nosso Salvador. Hoje desceu do céu sobre nós a verdadeira paz.

Estamos celebrando, novamente, o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, o nosso Salvador. Alegremo-nos, exultemos, demos graças a Deus e felicitemo-nos mutuamente, porque como anunciou o anjo aos pastores da região de Belém, na noite do nascimento de Jesus, “não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para nós um Salvador, que é o Cristo Senhor”.

Apenas duas vezes no decorrer do ano, a Igreja nos convoca para  uma vigília de oração: noite de Natal e na noite da Vigília Pascal. Duas noites que nos falam de um único mistério. Nesta noite de Natal, celebramos o início de nossa redenção, da nossa salvação. “Nesta noite a graça de Deus, como afirma Tito na leitura de hoje, manifestou-se trazendo a salvação para todos os homens”. Na noite da vigília pascal, celebramos a plenitude da salvação realizada pela paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

No Natal é Deus que se fez homem, um de nós; na Páscoa é o homem, somos nós que nos convertemos em filhos de Deus. No Natal como na Páscoa, Jesus é o protagonista da história da nossa salvação.

No evangelho desta noite, Lucas mostra-nos que a história está nas mãos de Deus. Através do decreto do Imperador César Augusto, o mais célebre imperador de Roma, Deus prepara o nascimento do Salvador do mundo.

O imperador baixou um decreto ordenando o recenseamento do mundo inteiro. José por ser da família e descendência de Davi, partiu para Belém, juntamente, com sua esposa, Maria, que estava grávida, para registrar-se com ela.

Numa noite santa produziu-se o encontro perfeito entre Deus e o homem em Jesus. Em Jesus estava Deus e o homem. Ele é Deus e homem. O  céu e a terra se encontram e Maria é essa fonte de união entre o divino e o humano.

Deus veio ao nosso encontro, abaixou-se, assumiu totalmente a natureza humana para que o homem fosse elevado, divinizado. Esse é o fundamento da dignidade sagrada e inviolável da pessoa humana. Ao unir-se a cada um de nós, Jesus Cristo nos conferiu uma dignidade singular.

“Isto implica tecer um relacionamento fraterno, caracterizado pela reciprocidade, o perdão, o dom total de si mesmo, segundo a grandeza e a profundidade do amor de Deus, oferecido à humanidade por Aquele que, crucificado e ressuscitado atrai todos a si: dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros; que vos amei uns aos outros assim como eu vos amei. Esta é a boa-nova que requer de cada um, um passo a mais, um exercício perene de empatia, de escuta do sofrimento e da esperança do outro, mesmo do que está mais distante de mim, encaminhando-se pela estrada exigente daquele amor que sabe doar-se e gastar-se gratuitamente pelo bem de cada irmão e irmã.”

Essa é a mensagem, a lição perene do Natal de Jesus. Nós cristãos, católicos, estamos convidados, em cada Natal, a redescobrir esse mistério do amor infinito de Deus para conosco e a testemunhá-lo no nosso ambiente social a fim de construirmos um mundo de paz, fruto da justiça, da solidariedade e do perdão.

Hoje é Natal, mas para quem ama, todo dia é Natal em seu coração, porque  onde há amor, caridade, Deus aí habita.

A todos os presentes, os presbíteros do clero diocesano, religiosos (as) e fiéis da Arquidiocese meus votos de Feliz e Santo Natal e que o Menino Jesus, o Príncipe da Paz, abençoe a todos e conceda a todos a paz.

Dom Raymundo Card. Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida - SP