SANTUÁRIO NACIONAL DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA

Celebramos neste domingo, a Epifania do Senhor.  Epifania é uma palavra grega  que significa manifestação. Nós, cristãos do ocidente, celebramos mais o Natal, o nascimento humano do Filho de Deus, isto é, o mistério da Encarnação, enquanto que na Igreja no Oriente, celebra-se mais a manifestação  universal de Deus, mediante Jesus, a todos os povos da terra. A liturgia da festa de hoje,  celebra a salvação que o Filho de Deus, nascido de Maria, trouxe não só para o povo judeu, mas para os povos de todas as nações.

São Paulo, na carta aos Efésios, que escutamos na segunda leitura, afirma que “os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados  à mesma promessa em Jesus Cristo por meio do Evangelho” (Ef 3.2-3, 5-6)

O nascimento de Jesus exige  uma profunda mudança de mentalidade para o poder político-religioso judeu da  época. Este é o grande mistério do amor, da misericórdia de Deus  para conosco. Ele nos enviou o seu Filho unigênito para a salvação de todos indistintivamente, sem exceção de raça, de sexo, de idade, de categoria social, ou de religião. Todos estão associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho.

No evangelho de Mateus, o único a relatar a história  de magos astrólogos vindos do Oriente, para adorar o Rei dos Judeus, nascido em Belém, acentua a mesma mensagem da universalidade da salvação trazida por Jesus, descido dos céus e feito homem, no seio da Virgem Maria.
Os Magos são estrangeiros, vem do Oriente, são pagãos aos olhos dos judeus, representam os povos pagãos de seu tempo,  e reconhecem primeiro que o rei judeu Herodes,  a luz que eles procuravam.

Os pintores de todas as épocas retratam os reis magos, que segundo a tradição são três: Baltazar,  Melchior e Gaspar, com diferentes  cores de pele, indicando com isso, que Jesus veio para todos.

Esse é o grande desafio para a Igreja  no mundo de hoje: há tanta gente que ainda não conhece Jesus Cristo ou o conhece muito pouco. Jesus deu aos seus discípulos e, também a nós, a missão de levar o evangelho a todos os povos, em todos os tempos, até os confins da terra. A fé em Jesus Cristo não pode ser imposta a ninguém, mas é dever e direito de cada cristão propor o evangelho a todos, deixando a cada um a liberdade de seguir a luz que conduz a Jesus Cristo. O Papa Francisco faz um apelo especial às Famílias que devem fazer de seu lar um   lugar onde se vive e se transmite os valores do amor, da fraternidade, da convivência, da partilha, do cuidado e atenção ao outro, um lugar da transmissão da fé.

O Ano Extraordinário da Misericórdia é um tempo de graça que nos convida a meditar sobre a misericórdia de Deus Pai para conosco. A experiência da misericórdia de Deus nos leva a conversão, à mudança de vida.  Os reis magos ao reconhecer naquela criança o rosto visível da misericórdia de Deus Pai,  ajoelharam-se diante dele e o adoraram. Depois lhe ofereceram presentes e retornaram à sua terra por outro caminho. A fé em Jesus Cristo abre novos horizontes em nossa vida e nos  leva a mudar de rumo na nossa caminhada, a exemplo dos Reis Magos.

Dom Raymundo Card. Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida, SP