Antes de iniciar o tríduo pascal, na tarde dessa quinta-feira santa, em todas as catedrais, o Bispo com o seu presbitério celebra a Missa do Crisma, durante a qual é feita a bênçãos do óleo dos enfermos e do óleo dos catecúmenos e a consagração do óleo do crisma. Esta celebração expressa a unidade e a comunhão dos presbíteros entre si de uma Igreja local e com o seu Pastor, o Bipo. O santos óleos abençoados pelo Bispo e entregues no final da missa aos representantes das paróquias da Diocese, serão usados pelos ministros ordenados na administração dos sacramentos. Este gesto de entrega dos santos óleos expressa também a comunhão dos presbíteros com o seu bispo, o qual não podendo estar presente em todas as paróquias e comunidades, se faz presente, e prolonga seu ministério por meio do ministério dos sacerdotes.

No final da homilia, os presbíteros renovarão suas promessas sacerdotais, feitas no dia de sua ordenação sacerdotal, perante o seu bispo e o povo de Deus. Hoje é um dia muito especial para reavivar e agradecer o dom, o carisma que nos foi dado pela imposição das mãos do Bispo, na ordenação sacerdotal. “Foi Deus quem nos chamou com uma vocação santa, não por méritos de nossas obras, mas por seu desígnio e graça a nós concedida desde a eternidade em nome de Cristo Jesus.” (2 Tm 1,9)

Creio oportuno, neste momento tão significativo para o nosso presbitério e no dia em que se celebra a instituição da Eucaristia e do sacerdócio, trazer à memória para a nossa reflexão alguns pontos da Carta que os 531 presbíteros participantes do 15º. Encontro Nacional dos Presbíteros, realizado no mês de fevereiro, aqui em Aparecida, escreveram aos padres e aos seus presbitérios de todo o Brasil.

A carta começa dizendo que é com alegria que constatamos o crescimento dos presbíteros (22.119), das paróquias (10.270) e das Dioceses no Brasil (274). Nossa Igreja está viva e dinâmica, com muitas iniciativas evangelizadoras em todas as regiões de nosso país. Diante dos desafios atuais, os presbíteros são interpelados a buscar novas formas de presença e de comunicação que facilitem o seu contato com o povo. A Igreja é, por natureza, missionária e, por isso, o presbítero deve ser discípulo do único Mestre e missionário do Reino, que é Jesus Cristo. A vida do presbítero deve estar centralizada na escuta da Palavra de Deus, na oração, e na celebração diária da Eucaristia que é fonte e cume de toda a vida na Igreja. O presbítero deve ser homem aberto ao diálogo ecumênico e inter-religioso, reconhecendo as sementes do Verbo em outras Igrejas cristãs e em outras religiões não-cristãs. Numa palavra, o sacerdote deve ser, antes de tudo, pastor a exemplo do único e verdadeiro pastor, Jesus Cristo, vivendo profundamente inserido no seu presbitério e levando sua vida centrada na caridade pastoral, que se traduz no serviço à sua comunidade e a caridade pastoral deve ser o centro de sua espiritualidade e o estímulo de sua função ministerial.

A carta continua afirmando que o presbítero deve fugir da tentação de ser um padre mais ou menos, um padre morno, e que seu modelo, seu paradigma é Jesus Cristo que caminha com o presbítero e a quem ele deve seguir. A carta conclui, recordando a pessoa do Papa Francisco, que pela sua conduta e palavra deve inspirar a vida e o exercício do ministério presbiteral e invocando a proteção e as bênçãos de Nossa Senhora Aparecida para a vida e o ministério dos presbíteros do Brasil.

Ao concluir estas breves palavras, desejo felicitar os sacerdotes do clero diocesano e do clero religioso, os missionários redentoristas, os frades Franciscanos, os padres da Santa Cruz, os Oblatos de Cristo Sacerdote, neste dia em que celebramos a instituição da Eucaristia e do sacerdócio ministerial e agradecer a todos pelo seu dedicado e generoso trabalho pastoral em nossa Arquidiocese, seja nas paróquias, no seminário ou em outros campos da ação evangelizadora. Este meu cumprimento e agradecimento, quero estendê-lo a todos os presbíteros de nosso Brasil que estão nos acompanhando nesta celebração. A todos os presbíteros concelebrantes igualmente, meus votos de santo e proveitoso ministério durante o Santo Tríduo pascal, e desde agora, a todos boas festas de Páscoa.

Dom Raymundo Card. Damasceno Assis
Arcebispo Metropolitano de Aparecida