Divina Misericórdia – Santa Faustina Kowalski

SANTUÁRIO NACIONAL DE NOSSA SENHORA APARECIDA


Estamos no tempo pascal, cinquenta dias em que celebramos, particularmente, a ressurreição do Senhor e durante esse tempo litúrgico, a Igreja nos apresenta como primeira leitura, trechos do livro dos Atos dos Apóstolos. O livro dos Atos descreve o nascimento e o estilo de vida das primeiras comunidades cristãs a partir da experiência do Cristo ressuscitado e como essas comunidades cresceram e se expandiram, graças à pregação e ao testemunho dos apóstolos e à ação do Espírito Santo.

No trecho do livro dos Atos deste domingo que acabamos de escutar, São Lucas narra a vida da primeira comunidade cristã de Jerusalém. Era uma comunidade unida na fé e no amor, atenta aos mais necessitados, desapegada, admirada e amada por todos. O testemunho desta comunidade era percebido e atraia as pessoas que a viam.

Nós também devemos testemunhar nossa fé em nossa vida familiar, no trabalho e na vida social.

O evangelho de João, proclamado há pouco, narra duas aparições do Cristo aos discípulos. Ambas as aparições ocorreram no primeiro dia da semana, dia da ressurreição de Jesus e, que para  nós é o domingo,  que significa: Dia do Senhor.

É nesse primeiro dia da semana, que as comunidades cristãs se reúnem, desde o final do primeiro século, até hoje, como nós, aqui, no santuário ou em nossas paróquias  e comunidades, para escutar a Palavra de Deus e para  “partir o pão”, isto é,  celebrar a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição do Senhor.

Para nós cristãos, o domingo é um dia muito especial e não podemos deixar perder o seu sentido religioso, como pretende uma sociedade secularista de hoje.

Na primeira aparição narrada pelo Evangelho deste domingo, Jesus comunica aos seus discípulos cinco dons muito importantes: a paz: “a paz esteja convosco”, disse Jesus aos discípulos;  a alegria: “Eles se alegraram por ver Jesus”;  a missão: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”;  o Espírito Santo: “Recebei o Espírito Santo”;  e o dom de perdoar os pecados: “A quem perdoar-lhes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não perdoardes, eles lhes serão retidos”.

Na segunda aparição, oito dias após a primeira, Tomé que não estava presente na primeira aparição, rejeita o testemunho dos discípulos, seus companheiros e exige verificar ele mesmo para acreditar na ressurreição de Jesus. Jesus, com grande delicadeza,  se deixa ver e tocar e convida a Tomé abandonar sua incredulidade para ser um homem de fé. Tomé acreditou e professou a sua fé: “Meu Senhor e meu Deus”.

A nossa fé está baseada na  confiança, no testemunho dado pelos  apóstolos, por isso o evangelho proclama bem-aventurados os que crerem sem terem visto o Jesus  de Nazaré, o  Jesus histórico e o Cristo ressuscitado, como é o nosso caso. “Nós não o vimos, mas o amamos e cremos nele e  experimentamos uma alegria indizível e gloriosa” como escreve São Pedro. Crer não é uma operação intelectual abstrata, mas uma decisão existencial que nos abre para Deus, uma decisão que dá sentido a nossa vida, um rumo definitivo a nossa existência. É dom.

Jesus infunde nos discípulos o Espírito Santo e lhes dá o poder de perdoar os pecados. Jesus é o rosto misericordioso do Pai e revela nas suas palavras e gestos o coração misericordioso de Deus para conosco. Por causa desse evangelho que nos fala do perdão, da misericórdia, hoje, 2o domingo de Páscoa, celebra-se o Domingo da Divina Misericórdia.   Essa devoção à Misericórdia Divina foi difundida por Santa Faustina Kowalska, irmã da Congregação de Nossa Senhora da Misericórdia.   “Deus não se cansa de perdoar; somos nós que nos cansamos de pedir perdão a Deus.” (Papa Francisco). Recorramos sempre à misericórdia divina, especialmente, no sacramento da penitência, em particular, neste Ano Extraordinário da Misericórdia, que se estenderá até o dia 20 de novembro deste ano.

Peçamos ao Espírito Santo que nos fortaleça na fé no Cristo ressuscitado para que, aqueles que ainda não creem no Cristo, possam através do nosso testemunho, abrirem  o coração ao evangelho, aderirem a Cristo pela fé e glorificarem  a Deus nosso Pai.

Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida SP