Casa comum, nossa responsabilidade” – Lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca.” (Am 5,24)

Com a bênção e a imposição das cinzas a Igreja inicia a caminhada para a Páscoa, durante os quarenta dias da quaresma.

As cinzas são símbolo da fragilidade da vida humana, da condição mortal do ser humano e também símbolo da nossa condição de pecadores e a necessidade da conversão, da mudança de vida para chegarmos a experimentar as alegrias da Páscoa, do Cristo Ressuscitado.

O evangelho de hoje nos recomenda cultivar de modo especial, nesta quaresma, três práticas que são de certo modo, valorizadas também em outras religiões: a esmola, a oração e o jejum.

Este tempo nos convida a avaliar nossa vida, à luz da palavra de Deus, nas nossas relações com Deus, com o próximo e com o mundo, para ver em que podemos melhorar para crescer na comunhão com Deus e na solidariedade  também com o nosso próximo. Este tempo é um tempo propício para nos aproximarmos do sacramento da misericórdia, do perdão, que é a confissão, para experimentarmos a misericórdia de Deus que perdoa nossos pecados e se alegra em usar de compaixão para com seus filhos.

É tempo de nos exercitarmos mais na prática das obras de misericórdia corporais e espirituais, como nos recomenda o Papa Francisco neste Ano Extraordinário da Misericórdia. Vale a pena  recordar  neste início da Quaresma do Jubileu Extraordinário da Misericórdia as 14 obras de misericórdia, todas elas são tiradas da Bíblia, Palavra de Deus.  Espirituais: dar conselho a quem precisa,  ensinar a quem não sabe, corrigir fraternalmente a quem erra, consolar os tristes, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas incômodas (molestas) e rezar pelos vivos e falecidos. Temporais: dar comida ao que tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir o nu, acolher o forasteiro (o migrante, o refugiado), assistir aos enfermos, visitar os presos, sepultar os mortos.

A quaresma é, também, um tempo forte da Campanha da Fraternidade, que, anualmente, aborda um tema de caráter social para nos ajudar, também, na prática da solidariedade.  Neste ano, a Campanha da Fraternidade é ecumênica e é realizada pelo Conselho Nacional das Igrejas Cristãs. Ela convida todos a refletir e a colaborar na solução de questões que são muito importantes e de interesse de todos, na nossa cidade, como:  saneamento básico, a distribuição de água tratada e com qualidade, sem poluição, a coleta e tratamento do esgoto sanitário, a coleta de lixo e sua adequada destinação e o devido cuidado com as águas de chuva e a proteção das florestas.  As eleições municipais estão se aproximando. O que você vai exigir e cobrar do candidato a prefeito e vereador no seu bairro, sobre essas questões?

Alguém poderia perguntar, para que a Igreja tem que se preocupar com estas questões? Devemos nos preocupar com essas questões porque tudo tem a ver com a nossa solidariedade para com os outros, o bem comum de todos  e a sobrevivência da nossa casa comum: a terra. Também porque essas questões têm consequências nas áreas ambiental,  na área de saúde pública e de justiça social.

Devotos de Nossa Senhora Aparecida, cabe a nós, seus filhos e filhas que amam Jesus, procurar viver intensamente este tempo quaresmal, aproveitando as oportunidades que nos são oferecidas pela paróquia, pela diocese, pela Campanha da Fraternidade e pelo Papa Francisco durante o Ano da Misericórdia. A Porta Santa do Santuário Nacional de Aparecida está  aberta  para acolher  os peregrinos que desejam receber, aos pés de Maria Santíssima,  as bênçãos e graças do Jubileu da Misericórdia.

Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida, SP