A ASSEMBLEIA DA IGREJA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA
A ASSEMBLEIA DA IGREJA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA “PARA QUÊ”?
Como sabemos acontecerá em novembro, a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. Será no México, junto ao Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe. Qual é a finalidade desta Assembleia? “Para quê” o Papa Francisco a convocou? São muitas as respostas a esta pergunta. Pontualizo algumas dentre tantas.
Primeiro: para bebermos de novo na fonte do Concílio Vaticano II e no Documento de Aparecida e, por outro lado, iniciarmos a preparação para o Sínodo de 2023 em Roma, que tem como tema central: “Igreja e Sinodalidade”.
Sínodo significa: “caminhar juntos”, sinodalidade é um caminho, um jeito de ser Igreja, uma diretriz, uma bússola para a Igreja no mundo, ou seja, precisamos reavivar a comunhão, a unidade, a fraternidade dos cristãos.
Segundo: para solucionar conflitos. Estamos vivendo um tempo de conflitos, crises, tempestades e desunião. Passamos por um “inverno eclesial” que vai desembocar na chegada da primavera. Se formos unidos o mundo crerá em Jesus Cristo. Se nos amarmos como amigos e irmãos, respeitando nossas diferenças, estamos construindo a “Igreja da atração”. “Vede como se amam”, assim se dizia dos cristãos nas origens da Igreja.
Terceiro: Há um retrocesso eclesial, um regresso ao tradicionalismo, ao ritualismo, ao enfraquecimento do profetismo que nos desune.
A tradição é uma riqueza, um dom, uma dimensão saudável da Igreja. O tradicionalismo, como também, o vanguardismo exagerado, fomentam discórdias, sectarismo, rupturas. Diante destas e outras dificuldades à luz da Conferência de Aparecida e à luz do Pontificado do Papa Francisco, somos chamados à conversão pessoal , comunitária, pastoral e social. A conversão nos conduz a um encontro cada vez mais vivo, profundo, transformante com Jesus de Nazaré e à comunhão entre nós.
Quarto: para construir um mundo fraterno. Sofremos com o aumento da fome, a pobreza, a miséria; com as mudanças climáticas, com o mau uso das novas tecnologias e tantos outros desafios. A Igreja mãe e mestra, estende sua mão para colaborar, contribuir e ajudar a solucionar tantos problemas, na esperança de um mundo melhor, mais humano, mais fraterno, mais feliz. A Assembleia da América Latina e do Caribe quer oferecer luzes, contribuições, propostas a partir dos leigos e leigas que são sal da terra e luz do mundo, para uma sociedade onde sejamos uma grande família de irmãos. Por outro lado, os sacerdotes, os religiosos, os bispos em comunhão entre si e com o laicato precisamos viver a comunhão como força da missão.
Quinto: para restaurar o que está quebrado. É urgente ir ao encontro dos afastados para cativá-los. Precisamos superar as ideologias que defendem interesses pessoais e grupais. Devemos abrir espaços para jovens, superar o clericalismo. O bom samaritano nos impulsiona a construir a tão almejada e necessária “Igreja samaritana”, como também, a “Igreja na estrada, em saída”. Isto tudo será possível se nos esforçarmos para ser “um só corpo, um só espírito, um só coração e uma só alma”. O que foi e está quebrado pode ser restaurado.
Sexto: para praticarmos a sinodalidade. Sinodalidade é “caminhar juntos”. Somos convocados a unir pastorais e movimentos, a valorizar os Conselhos e as Assembleias Pastorais, os Regionais da CNBB, as Províncias Eclesiásticas. Urge criar harmonia entre o clero diocesano e as congregações religiosas, promover o entendimento entre os párocos e as religiosas, realizar e incentivar a setorização das paróquias e fomentar as comunidades missionárias, implantar catequese da Iniciação à Vida Cristã. Eis onde nos quer levar a Assembleia Latino-Americana e Caribenha à luz da sinodalidade.
Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Aparecida