Os dez mandamentos do motorista


A Igreja Católica elaborou uma reflexão sobre o trânsito chamada: “Os Dez Mandamentos do Motorista”. O trânsito mata mais que as guerras e doenças. O setor de ortopedia dos hospitais está sempre superlotado e a cadeira de rodas é o destino para muitos. Os dez mandamentos do motorista querem colaborar com a proteção da vida  humana.


1.     Não matar. É o mandamento de Deus. A vida das pessoas é única, original, irrepetível. A cultura da vida faz parte da educação para o trânsito. O  consumismo, a ganância, a pressa nos transformam em homicidas nas estradas e ruas.


2.     A rua é lugar de comunhão e não uma arma mortal. A rua, as estradas são de todos, são um bem social, comum. Por isso, não podemos ser egoístas, prepotentes, donos das ruas e estradas, mas devemos  fazer delas um meio, um lugar de comunhão e respeito mútuo.


3.     Cortesia, correção e prudência. Estas são as três virtudes do motorista. Elas são desdobramentos do amor fraterno. A cortesia supera a grosseria, a correção  protege o bem comum e a prudência leva ao bom senso, ao reto agir  e a ter cuidado.


4.     O motorista deve ter caridade, ser sensível com o próximo. É  como o bom samaritano, tem zelo pelos outros e socorre as vítimas. O motorista é como um anjo  da vida, guarda e cuida da vida pessoal e dos outros. Caminhemos na estrada de Jesus. Ele é o caminho. A fé ajuda a respeitar a vida.


5.     Ter automóvel não é status, poder, dominação, superioridade. Quem pensa  assim está no estágio da infantilidade e das aparências. O carro é para servir, nunca deve ser ocasião para o pecado. É lamentável fazer do automóvel um meio de orgulho e vaidade. A lei do mais forte é a lei da selva. É isso que devemos superar.


6.     Convencer aos que não têm condições de dirigir, a não fazê-lo. Pessoas  alcoolizadas, drogadas, sem habilitação, em alto estado emocional ou que  não observam as leis de trânsito, não devem dirigir.


7.     Ajudar as famílias dos acidentados. Um acidente de trânsito prejudica muitas pessoas, famílias inteiras e à comunidade. O pecado do trânsito é um pecado social, comunitário, que fere muitas pessoas. É dever ético ajudar as famílias dos acidentados. Há muitas maneiras de ajudar e de aliviar a dor.


8.     Os culpados dos acidentes  e as vítimas precisam passar pela experiência do perdão. A raiva, a mágoa, o ressentimento são tão negativos quanto os males físicos. Sem  o perdão é difícil esquecer os males sofridos, obter a cura física e emocional, inclusive  a cura dos traumas. Sem o perdão, carregamos sentimentos destrutivos dentro de nós. A vingança, o ódio, o ressentimento, a raiva são venenos.


9.     Na rua seja protegida a parte mais vulnerável. São as crianças, os idosos, os doentes, os pedestres. A educação para o trânsito tem orientações para os pedestres e para a comunidade. Portanto, é um conjunto de responsabilidades para motorista, o pedestre, o carro, a estrada. As leis devem ser  observadas e os negligentes sejam punidos.


10.  Ser responsável para com o próximo. Ter carro, correr, vencer, lucrar são realidades da vida moderna, que convidam para o consumismo e interesses pessoais. Esquecemos facilmente dos outros, do próximo, dos irmãos. Martin Luther King, dizia: “ou vivemos como irmãos, ou morremos como loucos”. Sejamos responsáveis e pacientes no trânsito para não sermos pacientes nos hospitais.


Dom Orlando Brandes

Arcebispo de Aparecida

Março 2017