Toda vocação é iniciativa divina, chamado de Deus. É um convite. Deus chama quem Ele quer. “Eu vos escolhi” (Jo 15,16). Deus chama pelo nome e “conhece o que há no homem” (Jo 2,25). A vocação requer resposta de fé, resposta humana livre. Esta resposta se expressa em nova opção de vida, num redimensionamento da existência. A razão da vocação é a missão. Deus chama para uma missão. É um acontecimento de salvação. Portanto, vocação, missão, santificação e salvação são quatro fundamentos do chamado divino. Cabe à Igreja reconhecer a vocação. Não basta sentir o chamado e dar a resposta, é preciso que o vocacionado tenha condições para o chamado. Cabe à Igreja o discernimento. O vocacionado é chamado, preparado, consagrado e enviado. As fases do seguimento de Cristo são: responder ao chamado, estar com Ele, ir evangelizar. A vocação exige doação total. Inicia-se um novo modo de vida e um novo compromisso. É uma opção fundamental.

 

Deus usa muitos meios e modos para chamar. O meio mais comum é a Palavra. Deus chama especialmente através das necessidades e sofrimentos do povo. O vocacionado percebe sinais de vocação: a salvação das pessoas, o gosto pela celebração eucarística, a oportunidade de ajudar as pessoas, a vontade de pregar a Palavra etc. A família é o ambiente mais propício para o incentivo vocacional. Depois vem, a escola, a comunidade, a catequese, os grupos de jovens, as pastorais, a história de cada um. Deus se compromete a estar sempre com o vocacionado. A graça nunca vai faltar. Deus se responsabiliza pelo seu vocacionado. Toda vocação é provada. Precisa de oração, de apoio, de acompanhamento, de amadurecimento, de formação

 

Para ser vocacionado (a) ninguém precisa ser perfeito, nem anjo, mas deixar-se moldar, converter-se, mudar para o melhor. O vocacionado deve interiorizar valores. Vocação não é busca de gratificações, de realização pessoal, mas de doação de si. Ninguém é chamado para si mesmo, para abraçar um status, uma honra, mas para seguir Cristo, servir, evangelizar. Vocação não é profissão, mas chamado à missão. Antes de se preocupar em ser padre ou religioso/a, o vocacionado é chamado a ser pessoa humana, filho de Deus, discípulo de Jesus. Chamado a ser humano, ser cristão, ser consagrado. A grande vocação de todos é à santidade. O povo de Deus é um povo sacerdotal. Porque Deus ama seu povo, chama os sacerdotes e religiosos/as para servir, animar, evangelizar seu povo sacerdotal. O sacerdócio número um é o de Jesus, o sacerdócio número dois é o do povo, o sacerdócio número três é o ministerial. Todo(a) vocacionado(a) é pessoa de Deus a serviço do povo e homem e mulher do povo, a serviço de Deus.

 

Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Aparecida