O mês de setembro nos convida a conhecer, amar, praticar e anunciar a Palavra. Ela alegra, transforma e dilata nosso coração.  A flor murcha, a erva seca, mas a Palavra permanece.

 

Para desfrutarmos da Palavra, precisamos seguir estes oito passos:

 

Primeiro: “ser ouvinte da Palavra”. Ouvir com o coração. Para ouvir é preciso silenciar, dar tempo, acolher a Deus que fala e se comunica na Palavra. Ouvir não é apenas dar ouvidos, mas, deixar a Palavra ressoar, ecoar, transpassar o coração.

 

Segundo:  “ser amigo da Palavra”. Deus fala conosco como os amigos. A Bíblia é uma carta de amor, de amizade, de aliança. Para os amigos   nós dedicamos tempo e fazemos de tudo para manter amizade. Quem é amigo da Palavra irá frequentá-la sempre e vibrar de alegria, por este encontro de amizade.

 

Terceiro: “ser familiar da Palavra”. Ter familiaridade com as Escrituras consiste em tê-las nas mãos, no coração e na missão. A Palavra  nos  regenera, recria e refaz. Quanto mais lemos, meditamos, estudamos, tanto mais nos familiarizamos com a Bíblia. Somos consortes da Palavra.

 

Quarto: “ser praticante da Palavra”. Nossos gestos e ações falam mais que nossas pregações. Jesus chama de feliz quem ouve a Palavra e a pratica. Ainda mais, por em prática o que ouvimos e pregamos equivale a construir nossa casa sobre a rocha. Não podemos ter um discurso espiritual e uma vida carnal.

 

Quinto: “ser discípulo da Palavra”. Neste estágio a Palavra se faz carne em nós. Ele está sempre no princípio de tudo. No princípio do dia, no princípio das reuniões, da catequese, da celebração dos sacramentos. Assim, acontece a animação bíblica de toda a vida e pastoral da Igreja.

 

Sexto: “ser servidor da Palavra”. Não devemos ser donos, patrões, senhores, dominadores da Palavra. Muito menos falsificadores, demagogos, tagarelas. E um verdadeiro “mundanismo espiritual” servir-se da Palavra para nossos interesses próprios. Nada devemos tirar ou acrescentar às Sagradas Escrituras. Não se pode manipular o povo com a Bíblia.

 

Sétimo: “ser mártir da Palavra”. Sofrer e morrer pela Palavra é um ato de fé e de amor. Estevão, João Batista, Paulo, Tiago, Pedro, enfim, todos os apóstolos foram mártires da Palavra. Assim também aconteceu com os missionários, os santos, religiosos, religiosas, leigos e leigas. Sem mártir, morrer pela Palavra significa internalizar e testemunhar e sofrer pela Palavra. Na boca ela é doce, mas se toma amarga no coração, isto é, a Palavra é exigente, purificadora.

 

Oitavo:“ ser consagrado à pregação da Palavra". Jesus rezou: “Que eles sejam consagrados pela verdade” (Jo 17, 19). A Palavra é a verdade. Consagrados pela Palavra, consagramos-nos   em anunciá-la.

 

Por fim, precisamos permanecer na Palavra, pois ela é inesgotável, não envelhece, não passa. A Igreja sempre venerou as Divinas Escrituras da mesma forma como o corpo do Senhor. Que a Palavra possa tinir em nossos ouvidos, descer ao coração e subir para nossos lábios.

 

Dom Orlando Brandes

Arcebispo de Aparecida