O homem é um ser de esperança, à luz da ressurreição de Jesus. A vida seria um absurdo e um  desespero se não houvesse a verdade da eternidade, do céu, da festa, da plenitude, da coroação, da glória. Assim, a morte não é aniquilação, é transformação.

 

No céu somos esperados de braços abertos e haverá alegria com a nossa chegada. Desde já, somos cidadãos do céu, herdeiros de Deus,  co-herdeiros de Cristo e de seu reino. Lá todos os mistérios serão desvendados e todas as indagações serão respondidas. Nossa felicidade e glorificação é tão séria que Deus fez, faz e fará de tudo para nos salvar. Investiu nisso seu próprio Filho.

 

Somos candidatos ao futuro, à plenitude da vida, da felicidade da luz e da paz. Não se perturbe, portanto, o nosso coração. A chave da porta do céu e o passaporte de entrada são as boas obras, o bem, o amor, a justiça, a verdade. No entardecer da vida seremos julgados pelo amor. Estejamos acordados, pois o mundo passa, a vida é breve, a morte é certa, mas, a hora é incerta. Sejamos sábios e vigilantes. Cotidianamente estamos construindo nosso céu. Agora é o tempo favorável.

 

O céu é o paraíso porque é a comunidade dos bem-aventurados onde podemos desfrutar da presença de Deus que é a visão beatificada, na companhia dos que nos precederam, no reencontro com os que já partiram. Todas as criaturas participarão da glória, da restauração de todas as coisas. Toda lágrima será enxugada e não haverá mais dor, nem luto, nem tristeza. “Entra na alegria do teu Senhor”, esta é a ordem que nos será dada. Todo desejo será saciado e superado. Tão pleno é o céu que ninguém volta para a terra.

 

A comunidade dos remidos, o paraíso, a cidade santa, o reino eterno, a família de Deus restaurada, a comunhão dos santos, são realidades eternas. Isso tudo na companhia dos anjos, dos santos, de Maria Santíssima, de todos os amigos de Deus. Portanto, a irmã morte não nos fará mal. Ela é um novo parto, um dia natalício, um começo, um início. A vida não é tirada, mas transformada. Desfeito nosso corpo mortal nos é dado nos céus, um corpo imperecível, glorioso.

 

O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração não sentiu, isso Deus preparou para aqueles que o amam. Estas são palavras do Apóstolo Paulo,  como sabemos (cf. I Cor. 2,9). Só nos resta pedir: transformai Senhor nosso pranto em festa, nossa saudade em esperança, nossa solidão em comunhão, nossas perguntas em certezas.

 

Na casa do Pai seremos acolhidos, protegidos e envolvidos no seu amor. Tudo veremos, compreenderemos, amaremos e por todos intercederemos. Passaremos nosso céu fazendo o bem na terra. Esta esperança nos empenha a trazer desde já o céu para a terra através do amor, da justiça, do bem e da misericórdia, pois o céu já está dentro de nós pela graça da inabitação de Deus em nossos corações. Enfim, o céu é nossa verdadeira pátria. “Não morro, entro na vida” (Santa Terezinha do Menino Jesus).

 

Dom Orlando Brandes

Arcebispo de Aparecida